Abordagem sistémica à formação
Abordagem sistémica à formação
A importância das identificações das necessidades para o impacto da formação
O contexto socioeconómico e tecnológico atual dirige as organizações para o progressivo investimento na valorização dos seus colaboradores, qualificando-os, atualizando-os e motivando-os para um maior envolvimento, melhor desempenho e superior versatilidade. A competitividade no mercado de trabalho, a mobilidade dos colaboradores e a sofisticação dos meios disponíveis são variáveis determinantes que a formação profissional deve considerar.
Os sistemas de formação profissional das organizações têm que estar alertas para as necessidades e interesses de cada colaborador de forma a conseguirem dar resposta às aspirações dos seus colaboradores e, simultaneamente, progredir no sentido da contínua elevação dos padrões de desempenho nas funções que lhes estão atribuídas. A preocupação com a formação profissional deve ter por base a disponibilização de uma oferta formativa actualizada que possibilite a preparação dos colaboradores para responder à sucessiva inovação tecnológica e à contínua transformação dos postos de trabalho.
É inegável admitir que a qualificação dos colaboradores terá de passar, inevitavelmente, pela formação profissional desenvolvida à medida da organização, do contexto socioeconómico e tecnológico e, principalmente, das necessidades específicas de cada colaborador. Quero com isto dizer que a qualidade e adequação da formação profissional é tanto maior, quanto mais sistémica é a abordagem que a organização faz à formação.
A Abordagem Sistémica da Formação é o suporte conceptual e metodológico da transformação dos perfis profissionais esperados em perfis de desempenho observados, a qual consiste numa estruturação cíclica do processo formativo, em cujo funcionamento se efectua de forma sistémica e sistemática garantindo uma articulação sequencial entre os perfis profissionais existentes, os perfis de formação definidos e o desempenho efectivo dos colaboradores.
No entanto, efetuado uma análise mais profunda e técnica da Abordagem Sistémica da Formação, teremos de admitir que esta não se esgota nos elementos estruturantes do sistema de formação. A aplicação da abordagem sistémica da formação garante uma articulação sistémica e sistemática entre os vários sub-processos do processo formativo de modo a garantir uma harmonização perfeita entre todos as variáveis intervenientes no processo formativo:
- planos de formação (objetivos, conteúdos, metodologias de ensino-aprendizagem;
- metodologia e instrumentos de avaliação, etc.);
- recursos didáticos implicados;
- materiais pedagógicos utilizados;
- formadores;
- avaliação da formação.
A figura seguinte representa o Processo formativo e os seus sub-processos:
O planeamento da formação é a segunda fase do ciclo formativo, assumindo um papel preponderante na qualidade de todas as fases consequentes, na medida em que corresponde à estruturação das atividades formativas, tendo como base o diagnóstico de necessidades de formação.
O planeamento da formação desenvolve-se em três níveis:
- ao nível macro o planeamento consiste na identificação das atividades de formação necessárias e sua calendarização;
- ao nível meso o planeamento consiste na conceção dos cursos através do desenvolvimento de perfis de formação decorrentes dos perfis profissionais/DNF e da estruturação dos planos de formação, os quais são desenvolvidos através de uma metodologia sequencial de articulação dos vários elementos que constituem o plano de formação, conforme ilustra a figura abaixo.
- Ao nível micro, o planeamento da formação materializa-se na estruturação de cada uma das sessões de formação, a qual resulta da pormenorização de cada um dos elementos do plano de formação e da sua especificação em função das características do público-alvo (grupo de formandos).
Só é possível medir o impacto da formação na qualidade do desempenho dos colaboradores e, consequentemente, nos resultados da organização se a formação tiver sido planeada com base numa abordagem sistémica, tendo início na identificação das necessidades de formação e percorrendo cuidadosamente todas as fases do processo de planeamento, organização, desenvolvimento e avaliação da formação.
Autoria: Cristina Isabel Godinho